segunda-feira, 16 de março de 2009
Geny. ♥ I
Mulher. Forte, firme e ao mesmo tempo, carinhosa, generosa, afável. Essas qualidades, unidas na quantidade exata na mulher que foi. Mulher que teve muitos filhos. Nenhum biológico. Filhos esses algumas vezes de sua idade, ou mais velhos que ela. Um desses filhos fui eu, assim como meu irmão e meu primo (por parte de outra tia). Sempre apoiava todos na perseguição de seus sonhos. Natural de Minas Gerais, era mulher decidida e forte. Não deixava-se abater por conversas desta ou daquela pessoa, não poupou esforços na hora de ajudar. Sempre parte de muitos grupos... Coral, sindicato, caravana pra Aparecida do Norte (SP)... Mulher multitarefa. Lembro-me, de nossas viagens à Piúma, nossos natais em família, nossos almoços com risadas, piadas e brincadeiras na maior altura. Quando eu era mais novo, ganhei um presente, em um desses natais, que, por mais bobo que possa parecer, guardo comigo até hoje. O meu Tutu (ou Picutudo, como ela mesmo gostava de chamar), me acompanha desde meus 8 anos de idade. Em nossas viagens à Piúma, lembro-me de que, após revelar as fotos destas, ela costumava referir-se a mim e a meu irmão como “dois cisquinhos” no mar. Ela batia as fotos da areia, e em Piúma, o mar demorava a ficar fundo, então íamos bem pra longe. Titia, sempre animada, conseguia carregar até mesmo os parentes mais distantes pra Piúma. Eram as melhores viagens. Sempre animada e com vontade de aprender, jurava que ia comprar o próprio computador (ao qual se referia como “caixote preto”, pela cor e formato do meu gabinete) para aprender a mexer. Sempre me pedia pra tirar uma ou outra receita da internet pra que ela colasse em sua agendinha (todas sempre lotadas de receitas, telefones, cartões pessoais...). Mulher que achava o povo capixaba todo defeituoso (risos), e dizia isso mesmo comigo e meu irmão do lado dela. No fundo, não nos importávamos, afinal, foi aqui que nascemos e fomos criados, mas a casa era mineira, então expressões como “ê trem” fazem parte de nós. Comida sempre em primeiro lugar. Não roupas, não carros, não máscaras. Estar alimentado era o lema da casa. Lembro-me das compras do mês. Eram idas e vindas nas escadas, “causos” e “causos” nos supermercados, que ela chegava contando, notas fiscais quilométricas. Sempre disposta a agradar, estava em casa quando tirei meu primeiro par de sisos. Foi minha segunda mãe, e com certeza, a segunda mãe de muita gente. Foi um anjo que com certeza foi enviado pra iluminar nossas vidas. Sempre preocupada com todos e tudo. O que essa família seria sem ela? Só Deus sabe. Não conseguiu realizar alguns de seus sonhos. Não me viu entrar na faculdade, não viu meu irmão sair dela. Com certeza serão fatos que ela vai presenciar do outro plano. Daqui pra frente, ela continua conosco, em espírito. Essa fase de transição e ligeira perturbação, de adaptação, vai passar. Junto com Vovó Luzia, Vovô Olino, Tia Gilda e Vovô Marcelino ela estará sempre bem acompanhada. Não lembraremos dela com tristeza. Era uma mulher feliz. E como! E é com essa felicidade, natural dela, que nos virá a cabeça cada vez que lembrarmos dela.
Tia Geny, te amo.
“põe isso aí no 2 pra mim”
(ela mesma sobre a intensidade do ventilador)
“(...) a sua luz vai brilhar na Terra.”
Ela adorava pão com sardinha :)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Fica muito mais bonito, quando a gente se solidariza. Compaixão é quando a gente sofre junto. E eu, eu estou com você.
ResponderExcluirBeijo.
" Mulher que achava o povo capixaba todo defeituoso (risos) "
ResponderExcluirEla com certeza sabia
que existiam algumas exceções.